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Sou natural de Bom Despacho-MG. (16-7-1935) Bacharel em Letras pela UFMG, com pós-graduação na área de Educação pela PUC de Minas Gerais, além de cursos de Extensão Universitária, em Brasília, na UnB, e na Universidade de Évora, Portugal. Professor e escritor, tenho vários livros publicados, em gêneros diversos: crônica, história, biografia, conto, ensaio.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

SÔNIA FERREIRA E O ENCANTAMENTO DE UM LIVRO
 
*JACINTO GUERRA

A pátria pequena de Sônia Ferreira é Orizona, Estado de Goiás, território de sonho, memória e poesia, onde se encontram os caprichos da natureza e os valores mais legítimos do povo brasileiro. Vivendo na província e na metrópole, a escritora está sempre em Goiânia e Brasília, cidades que representam o Brasil em sua grandeza e suas mazelas, destacando-se, sobretudo nas artes, especialmente na arquitetura, no urbanismo e na literatura.

Cronista e poeta que domina gêneros diversos, nos escritos de Sônia a poesia floresce como as plantas e flores que admiramos em muitos lugares deste Planalto Central do nosso país. Mestra das letras, com um estilo muito pessoal, em que forma e conteúdo identificam-se com o Brasil do interior, sem esquecer a cidade grande com suas belezas e misérias, também.

Ao ler a obra de Sônia Ferreira, o leitor encontra uma literatura de qualidade, que lembra Cora Coralina, Cecília Meireles e Adélia Prado. De Cora, as coisas simples e belas da terra e do povo de Goiás; de Cecília, a clareza do estilo, a beleza do texto, a universalidade – e de Adélia, a criatividade, o vigor de expressão e a religiosidade. Parece que a bela cidade de Goiás Velho, o sempre lindo Rio de Janeiro e a mineira e desenvolvida Divinópolis encontram-se, de alguma, na poesia da escritora de Orizona, Goiânia e Brasília.

Sônia foi muito feliz ao escrever e viver os poemas desse Encantamento (LGE Editora, Brasília, 2011), que conquista o leitor pela clareza das ideias, aliadas ao vigor e a beleza do arranjo das palavras no texto literário. Já no primeiro poema, em que encontramos o próprio título do livro, "o encantamento/ liberta/ como a alegria/ das janelas/ a euforia/ das borboletas/ e dos pássaros/ de asas abertas."

No poema "Santa Ceia", o sagrado e o místico tecem a urdidura da poesia:

"Ali, na areia,
há babados
de espumas
flutuantes.

Ali, na areia,
há sentimentos
orações reverentes

(...) Há andarilhos,
apóstolos viandantes."

Noutro poema, Sônia diz que
"Deus falou
encantado
atirou um
beijo no mundo
e virou

beija-flor."

"Depois,
Francisco, o Santo,
calçou
suas sandálias
e se disfarçou
num raio de sol."

Como o objetivo desse texto é oferecer visão rápida de um livro encantador, deixo para o leitor a oportunidade de descobrir, por si próprio, outras belezas e valores de uma poesia escrita com o coração de uma brasileira notável pelo seu talento e sua presença
na vida cultural de sua região e de seu país.

Vamos, então para o "Balet do Canavial", quando "Bailarinas de prata/, na transparências das rendas/, rodopiam juntinhas/,nas pontas dos pés/, sobre o tablado/ açucarado de cana. (...) O engenho canta/ A garapa se emociona/, e vira inspiração/cachaça/, musa dos canaviais/. Engarrafagem de emoções/ no frasco da Orizonita/, Fazenda Morro da Chuva, em Orizona, Goiás."

*Jacinto Guerra, mineiro de Bom Despacho, é autor de vários livros, entre os quais JK- Triunfo e Exílio – um estadista brasileiro em Portugal, e O gato de Curitiba – crônicas – Prêmio BDMG Cultural de Literatura/Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais.

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