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Brasilia, DF, Brazil
Sou natural de Bom Despacho-MG. (16-7-1935) Bacharel em Letras pela UFMG, com pós-graduação na área de Educação pela PUC de Minas Gerais, além de cursos de Extensão Universitária, em Brasília, na UnB, e na Universidade de Évora, Portugal. Professor e escritor, tenho vários livros publicados, em gêneros diversos: crônica, história, biografia, conto, ensaio.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os encantos de Goiânia, no coração do Brasil

“Louvado seja Deus, que permitiu ao Papa
 vir a essa terra  e conhecer esse povo”.

   João Paulo II, ao visitar Goiânia em 1991

JACINTO GUERRA


Com um traçado urbanístico moderno, universidades, bibliotecas e museus importantes, feiras e centros comerciais muito ativos, além de belos monumentos, galerias de arte, espaços de lazer – e muito verde debaixo de um céu límpido – Goiânia é uma das cidades brasileiras de melhor qualidade de vida e de perspectivas  de futuro. Construída e inaugurada nos meados do século XX pelo governador Pedro Ludovico – um Juscelino Kubitschek do Estado de Goiás –, a nova capital foi planejada para cinqüenta mil habitantes e hoje possui mais de um milhão de moradores.

No 11º andar do Evidence Apart-Hotel, da Rede Bristol, no Setor Pedro Ludovico, vemos a beleza de Goiânia em várias dimensões. Lá embaixo, está o imenso planalto cercado de pequenas elevações. O conjunto cidade-e-natureza forma gigantesca meia lua, mostrando, nas linhas do horizonte, que a Terra é mesmo redonda!

Milhares de residências e centenas de edifícios, com muitos exemplos da melhor arquitetura contemporânea – ao lado de ilhas de vegetação e pequenas florestas urbanas – explicam a excelente qualidade de vida que a cidade oferece a seus moradores e visitantes. No céu de Goiânia, o ar puro é cortado pelo voo dos pássaros e, vez por outra, de algum avião das rotas aéreas do Planalto Central.

Apesar do crescimento urbano que ultrapassou o que seus fundadores imaginaram, o trânsito de Goiânia flui normalmente em suas amplas avenidas arborizadas. Pelo menos, foi o que vi em minha temporada na capital de Goiás. É coisa mesmo de fazer inveja, principalmente aos moradores de outras grandes cidades mundo afora. Como Brasília teve Lúcio Costa, o famoso urbanista que desenhou a cidade em forma de avião ou borboleta, o arquiteto Atílio Correia Lima fez o traçado de Goiânia como um bordado que lembra, com nitidez e beleza, o manto de Nossa Senhora. Antes da construção de Brasília, Oscar Niemeyer projetou, em Belo Horizonte, o conjunto de obras da Pampulha, que revolucionou a arquitetura brasileira. Naquela época, início dos anos 1940, arquitetos, engenheiros, artistas e operários já há haviam construído Goiânia, a moderna capital de Goiás.               

Goiânia surpreende o visitante de maneiras diversas: muito verde nas avenidas e parques ecológicos, como o Bosque dos Buritis; suas feiras do Sol e da Lua, o Parque da Vaca Brava, além de importantes museus, o Teatro Goiânia, grandes obras de arte em praça pública – e um ativo comércio de confecções na emblemática Avenida Bernardo Sayão.

Mas, sobretudo, emocionante é sua Praça Cívica, cenário de acontecimentos dramáticos da História Contemporânea do Brasil. A resistência democrática do povo goiano era ameaçada pelos aviões militares que sobrevoavam a cidade até a deposição do governador Mauro Borges, que saiu do Palácio das Esmeraldas sob os aplausos do povo, em pleno regime ditatorial, numa corajosa demonstração da esperança na democracia.

Uma grande surpresa de Goiânia é o seu Museu Ornitológico, um dos mais completos do mundo, com mais de trinta mil peças catalogadas, organizadas e expostas ao público. São aves da fauna brasileira e dos mais diversos países, além de outros animais de várias regiões do planeta. Logo na entrada do grande museu, aparece uma ave de grande porte e elegância: a inhuma, símbolo do Estado de Goiás. É um fantástico museu que poucos brasileiros conhecem – e até muitos goianos ainda não tiveram a oportunidade de visitar e muito aprender nesse importante centro cultura, ciência e educação. É obra do cientista húngaro Joseph Hidasi que – ainda muito jovem, veio para o Brasil e aportuguesou o seu nome para o nosso popularíssimo José – vem realizando ao longo de meio século, sobretudo em Goiás, alguns projetos da maior importância científica e cultural para o nosso País.

Mantido por uma Fundação Municipal – e apoios que José Hidasi consegue na Europa – o Museu Ornitológico de Goiânia merece uma atenção especial dos governos do Estado e da União, porque, sem dúvida alguma, integra o mais expressivo conjunto de bens culturais e científicos no Brasil.

Muita coisa interessante o turista pode ver em Goiânia: o Relógio das Flores, a Feira de Doces Cora Coralina (simpática homenagem à poeta e doceira goiana), a grande escultura em bronze do bandeirante Bartolomeu Bueno, o Anhanguera; o Monumento à Paz, de cinco metros de altura, em forma de ampulheta, com terras provenientes de vários países; espaços culturais e galerias de arte como a Estação Cultura e o Centro Cultural Martim Cererê, além do interessante Museu Pedro Ludovico, instalado na própria casa do fundador de Goiânia, em pleno centro histórico da cidade. Quando lá estivemos, um grupo de estudantes fazia uma visita, tendo como guia um entusiasmado cidadão que viveu naquela casa. Era um neto dó Pedro Ludovico.

Além dc seu famoso Museu Ornitológico, Goiânia possui, também, importantes museus de arte e o já famoso Memorial do Cerrado, instituição vinculada à Universidade Federal de Goiás - UCG, um museu do melhor padrão internacional, sobretudo pela riqueza, diversidade e organização de seu acervo científico. O Memorial do Cerrado possui espaços diversos. Entre os mais notáveis, a Grande Exposição de História Natural, com fósseis de animais pré-históricos, vegetais, minerais e pedras diversas, tudo catalogado e organizado nos padrões da museologia moderna.

Outros espaços do Memorial espertam a curiosidade e o interesse de visitantes de todas as idades. A vila cenográfica reproduz uma antiga cidadezinha goiana, com rua, igreja, uma venda, casa de moradia, além da pracinha com banco e jardim, no estilo típico de nossas primeiras vilas. Depois, o turista pode visitar uma sede de fazenda antiga, com engenho, casa de farinha e outros benfeitorias. Existe, também, uma aldeia indígena, típica da região – e a reprodução completa de um quilombo escondido dentro da mata, mostrando as condições de sobrevivência dos escravos em seu refúgio.

Além de outros museus e atrações turísticas que não tive a oportunidade de visitar, merece destaque especial os Painéis da Via Sacra – situados na Rodovia dos Romeiros, que liga as cidades de Goiânia e Trindade –, obra do artista plástico Omar Souto, que retrata a Paixão de Cristo em catorze painéis de dez metros de largura por quatro de altura, formando uma das maiores galerias de arte a céu aberto do mundo inteiro. Num toque dramático de modernidade, o artista pintou, em cada um dos painéis, a menina Leide dos Santos, vítima do lamentável acidente radioativo com o Césio -137 que, em 1987, ocorreu em Goiânia.

Em Trindade, realiza-se a grande Festa do Divino Pai Eterno que atrai milhares de peregrinos para uma das maiores celebrações religiosas do interior do Brasil. Como imagem-símbolo do que vimos e aprendemos em Goiânia, no final da visita ao Memorial do Cerrado, fiz a seguinte observação: “Cheguei à conclusão que nós, de Brasília e Minas Gerais, temos muito que aprender em Goiás.” Enquanto isto, noutro grupo de turistas, alguém respondeu em voz alta: “Nós, do Estado de São Paulo, também!”

                                                               Brasília, julho de 2005

O autor visitou Goiânia a serviço do Jornal MG Turismo, de Belo Horizonte, como hóspede do Evidence Apart Hotel, da Rede Bristol, e foi recebido pelo Secretário Municipal de Turismo, Luciano Carneiro, e a jornalista Leia Carvalho.     

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