EM PORTUGAL, SURPREEENDENTE LIVRO DE UM BRASILEIRO
*Jacinto Guerra
Nos últimos dias, tive a oportunidade de ler um romance que
atraiu minha atenção, página por página, interrompendo a leitura somente quando
não era possível continuar, em razão de outras atividades também interessantes
e importantes.
Esse livro foi um dos finalistas do primeiro Prêmio Leya,
honraria literária das mais importantes da Europa. Trata-se do romance “Eu,
Peter Porfírio, o Maioral”, de Alaor Barbosa, escritor brasileiro que divide o
seu tempo entre Goiânia e Brasília. Editado em Portugal pela Dom Quixote, editora
do Grupo Leya, e lançado em Lisboa, em Coimbra e no Porto,
“Peter Porfírio” já está a caminho das livrarias do Brasil e de outros países.
Natural de Morrinhos, no Estado de Goiás, com raízes
familiares em Minas Gerais e São Paulo, Alaor Barbosa tem ricas experiências de
vida e de trabalho, também, no Rio de Janeiro e em Brasília. Suas origens e
experiências diversas, aliadas ao seu gênio literário, deram-lhe as condições
de escrever um romance tão interessante, rico e divertido como esse que
encantou os editores europeus, tanto que mereceu até um prefácio do angolano
Pepetela, um dos grandes escritores da Língua Portuguesa.
O personagem principal é Peter Porfírio, fazendeiro do
interior de Goiás, homem do sertão, ilustrado com algumas leituras e
conhecimentos num ginásio do Prata, pequena cidade do Triângulo Mineiro. Mas é sujeito
dotado de inteligência e sagacidade que o fizeram capaz de vencer dificuldades
enormes e ganhar muito dinheiro.
O cenário de sua história é o universo do interior de Goiás,
com a sua capital, Goiânia; a grande São Paulo; cidades do interior paulista; uma
região do Mato Grosso; a maravilhosa cidade do
Rio de Janeiro – e Brasília, nos primeiros tempos da nova capital
brasileira.
Pois bem, Peter Porfírio - sujeito muito bom de negócios - ganhou
tanto dinheiro engordando e vendendo bois, que acabou dono de grandes fazendas
– e até de um avião para administrá-las com mais conforto e facilidade.
Pepetela diz que, nesse livro, o escritor recupera “uma linha
seguida por alguns grandes autores brasileiros”, dando a palavra a um
“coronel”, que “acredita ser bem intencionado” – e tem tudo para divertir” o
leitor, “ao mesmo tempo que dá preciosas indicações sobre os negócios e a vida
na época escura da ditadura militar”brasileira - período que Alaor Barbosa
viveu intensamente em sua juventude no Rio de Janeiro e no interior de Goiás.
Tendo enriquecido como poucos de sua geração, Peter Porfírio
decide ampliar seus negócios com um lance de muita ousadia: comprou um pequeno
banco em Goiânia, um “tamborete”, como ele próprio definiu.
Apesar de sua cultura limitada, o fazendeiro Peter tornou-se
um homem viajado, até com um perfil de executivo moderno, se bem que meio
caricato. Foi até aos Estados Unidos e não há de ver que aprendeu muita coisa
por lá.
Nesse romance originalíssimo, o escritor viaja com muita
segurança pelo que há de melhor no folclore brasileiro, na cultura universal,
especialmente de nossa Língua Portuguesa, e na linguagem oral do nosso povo,
que ele tão bem conhece.
Em síntese, esse “Eu, Peter Porfírio, o Maioral” é um livro
escrito para o prazer e a cultura do leitor brasileiro, europeu,
latino-americano – ou de qualquer parte do mundo em que haja algum interesse
pelo Brasil, sua história, seu povo, suas tradições.
Quanto ao Peter Porfírio, com suas qualidades e seus
defeitos, é um personagem inesquecível, que não sairá jamais da memória do
leitor. Ficará para sempre lembrado como uma grande figura dos livros editados
em nosso mundo da Língua Portuguesa, personagem digno da literatura de um
Fernando Sabino, um Guimarães Rosa, um Eça de Queiroz, um Machado de Assis.
Após essa leitura, masce a vontade de ler a obra e conhecer um pouco mais a cultura brasileira.
ResponderExcluirObrigada pela dica, Jacinto Guerra,