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Sou natural de Bom Despacho-MG. (16-7-1935) Bacharel em Letras pela UFMG, com pós-graduação na área de Educação pela PUC de Minas Gerais, além de cursos de Extensão Universitária, em Brasília, na UnB, e na Universidade de Évora, Portugal. Professor e escritor, tenho vários livros publicados, em gêneros diversos: crônica, história, biografia, conto, ensaio.

domingo, 20 de março de 2011

A felicidade no interior de Minas

   JACINTO GUERRA

Bem no centro de Belo Horizonte, existia a Feira de Amostras, interessante vitrine de Minas Gerais, com sua rica exposição de pedras e de minerais. Hoje lá está o Terminal Rodoviário de BH, nossa Rodoviária, que mais parece um pequeno e moderno aeroporto, com livrarias, agência de correio, acesso à internet, caixas eletrônicos, lanchonetes, restaurante – e outras coisas que o turista precisa para o começo ou a chegada de boa viagem Minas afora.

Caminhando pelo enorme saguão cheio de luzes e outros penduricalhos, revejo os painéis de Heleno Nunes – notável artista plástico de Lagoa da Prata e do Brasil –  cuja pintura, que lembra as obras de Portinari, revela cenas típicas do povo mineiro.

Mais adiante, paro e medito frente ao oratório de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira de Belo Horizonte e de todos os que, pelo mundo afora, navegam no ar, na terra e no mar.

Meu destino é a Rua Perdões, perto da Igreja do Beato Padre Eustáquio, rumo ao futuro e à memória de outros tempos distantes e próximos.Vou para a casa de dona Menita, generosamente sombreada de castanheiras, minha pousada na grande cidade ao pé da Serra do Curral.

Na pequena viagem de táxi, apesar de sua tranqüilidade e segurança no volante, o motorista desabafa: 
A mulher não me deixa em paz. Liga pro celular toda hora, atrapalha o serviço da gente, sô.
 – Você é casado? Moram juntos?
 – Casado coisa nenhuma. Tenho, há dez anos, é uma namorada. Eu, na minha casa; ela, na casa dela. Cada um com seus filhos e problemas. Juntos seria muito pior, uai.
O táxi roda pela Via Expressa, entra na comprida Rua Padre Eustáquio, atravessa antiga região de imigrantes italianos –  o Bairro Carlos Prates –, com sua Igreja de São Francisco das Chagas dominando a paisagem. 

 – Mal pergunta, o senhor é de onde?
 – Sou mineiro de Bom Despacho. Casei-me em Belo Horizonte, onde passei minha juventude – e, há muitos anos, moro em Brasília.
Bom Despacho eu conheço. Cidade boa, tem muita gente bonita. Andei por lá trabalhando para o Sílvio Santos, com o Baú da Felicidade.
 – E aí, encontrou a felicidade?
 – Quase que encontrei. No barzinho do Zé Garapa, fiquei conhecendo uma morena que era uma beleza. Foi uma paixão danada. Êta trenzinho ajeitado, sô. 
                                           
Esta crônica foi publicada no livro Uma casa navega no mar– contos, crônicas e pequenos ensaios, de Jacinto Guerra, que poderá ser adquirido pela internet no www.thesaurus.com.br ou nas boas livrarias do país.

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